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convencional, o uso das sementes crioulas ou tradicionais foram abandonadas. Além, de produzir mais, sementes hibridas são mais resistentes a pragas. Por outro lado, estas mesmas sementes exigem grande quantidade de insumos (herbicidas e agrotóxicos) que além de não fazer bem a saúde e ao meio ambiente, custam caro.
Meus pais, e muitos agricultores mundo a fora, não sabiam que, sementes hibridas não podem ser replantadas pelo agricultor como as sementes tradicionais ou crioulas. Não adianta, escolher a melhor, a maior e a mais bonita espiga de milho para semente, ela não produzirá milho de qualidade. Isso, se produzir.
Meu pai, seu Germaninho e os irmãos não sabiam que em condições não muito favoráveis ou sem fertilizantes e agrotóxicos, plantações oriundas de sementes híbridas costumam produz pior que sementes crioulas. Para produzir bem, os híbridos precisam de ótimas condições de crescimento, com as quantidades corretas de fertilizantes, água, agrotóxicos. Ou seja, é imprescindível dispor de razoável recurso financeiro e conhecimento técnico sobre o manejo e cultivo das mesmas. Algo que meus pais e meus tios não tinham..."
O declínio da produção "veio a galope", e ela não veio só. Vieram junto, o endividamento, a frustração, o desanimo. Em um curto espaço de tempo, meus pais e meus tios se quer faziam roças. Impossibilitados de recuperar, trocar ou comprar sementes crioulas eles deixaram de cultivar roças.
Sem roças, torna-se mais difícil alimentar outros animais como porcos e galinhas. Sem roça, algumas práticas tradicionais foram abandonadas, como pro exemplo, o uso da banha de porco no preparo das refeições.
Não tenho dúvidas de que a introdução das sementes hibridas na agricultura familiar tradicional aliada a falta de politica agrícola e agrária são os principais responsáveis pelo ainda elevado índice de insegurança alimentar no campo, pelo êxodo rural, e pela concentração de terras.
Sem produzir o suficiente para manter a família alimentada, muitos agricultores nas comunidades vizinhas ao nosso sitio foram tentar a vida na cidade e como diz o meu pai, abandonaram os sítios ou venderam a preço de banana.
"Quem ficou, ficou a cara e a coragem. ficou de teimoso até, porque não teve vida fácil não. muitos falava que era moleza de nóis. Descanso. preguiça nossa. mas aquelas sementes novas não dava de um ano pro outro, quando saía alguma coisa tinha má formação. Umas espigas "ralinhas". muitas covas nem nascia. e quando nascia já "incriquiava". tem hora que a gente cansa de dar murro em ponta de faca. E também, a gente já tava velho, vocês tudo grande na cidade, trabalhando e estudando" ouvi do meu pai certa vez.
Estas palavras ficaram e continuarão a ecoar na minha mente por muito tempo, pois a vida digna no campo para agricultores familiares ainda é um desafio em dias atuais.
Estas palavras ficaram e continuarão a ecoar na minha mente por muito tempo, pois a vida digna no campo para agricultores familiares ainda é um desafio em dias atuais.
Para se ter uma ideia da gravidade da insegurança alimentar ainda nos dias de hoje no Brasil, de acordo com pesquisa do IBGE sobre insegurança alimentar no Brasil entre 2009 e 2013, divulgada em 2014, apontou que a área rural concentrava o maior número de domicílios com indivíduos em situação de insegurança alimentar: 35,3% (13,9% moderada ou grave). Percentual maior que na área urbana,onde o percentual era 20,5% (6,8% moderada ou grave).
Em tempo, para quem não sabe, o artigo 3º da Lei de Segurança Alimentar e Nutricional (Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006) define segurança alimentar e nutricional como "...a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis".
Para o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), insegurança alimentar e nutricional refere-se a situações que podem ser observadas a partir de diferentes de problemas, tais como fome, obesidade, doenças associadas à má alimentação, consumo de alimentos de qualidade duvidosa ou prejudicial à saúde, estrutura de produção de alimentos predatória em relação ao ambiente e bens essenciais com preços abusivos e imposição de padrões alimentares que não respeitem a diversidade cultural.
Fonte das imagens:
Imagem 1: http://cerezoac.blogspot.com.br/
Imagem 2: http://www.cpt.com.br/dicas-cursos-cpt/alimentacao-saudavel-garanta-uma-boa-saude
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