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Coco, Coqueiro: O babaçu

Como já explicado em posts anteriores, o nosso sítio ficava  longe da cidade em uma área de difícil acesso. Como não tínhamos condições financeiras, logo este era um lugar de difícil locomoção para nós.  Era uma região onde as cheias se estendiam por longuíssimos meses (dezembro a junho). meu pais retiravam da terra e natureza tudo para a nossa alimentação, exceto, o trio de outro:  açúcar, sal e café.

Nenhuma planta marcou mais a minha infância quanto o babaçu.  Era praticamente a arvore da vida. Uma planta multifuncional da qual nossa família utilizava quase tudo. Exceto, palmito. isso mesmo, exceto o palmito.
Caso você não conheça, o babaçu é uma palmeira brasileira, cuja arvore pode atingir até 20 metros de altura, encontrado em grande quantidade nos estados da Amazônia , especialmente nos estado do Maranhão, Pará, Tocantins,  Amazonas, Rondônia, Acre e no noroeste e sudoeste de Mato Grosso e na Bolívia. 

Na região onde se localiza o sitio dos meus pais ela ainda é bem presente,  anteriormente,  o babaçu era extremamente fundamental para nossa sobrevivência, sua utilidade ia além da alimentação.  cada parte tinha sua função na nossa saudável sobrevivência:

As folhas (palhas) eram indispensável para cobrir o telhado das nossas casas. Meu pai meus tios e
meus irmãos, tinha uma habilidade incontestável para ajustá-las uma a uma uniformemente de forma que mais se parecia uma peça de artesanato traçado cuidadosamente do que um simples telhado.

A castanha, ahhh, a castanha tinha multi funções. delas extraiamos o óleo com qual preparávamos as refeições. Extraíamos o leite com o qual  se preparava simples,saudáveis e deliciosas  sobremesas como canjica, bolos, curau e arroz doce. A casa da castanha era utilizada como combustível/fogo no preparo do  óleo e outros alimentos.

Você deve estar se perguntando porque não aproveitávamos o palmito do babaçu, não é mesmo? Simples, não aproveitávamos o palmito porque para isso teríamos que matar a arvore, digo a palmeira. A palmeira que nos sustentava.

Devo ressaltar que extrair o óleo do coco de babaçu artesanalmente é um processo demorado e difícil, sendo assim, com a ida dos filhos para a cidade,  a minha mãe aos poucos deixou de produzir o óleo de babaçu para o preparo das refeições e hoje ela e a minha cunhada produzem apenas sob encomenda .

Com a valorização do modo tradicional de vida e de produtos artesanais,  alguns consideram absurdo

eles deixar de produzir o óleo para o preparo das refeições, tendo em vista que além de mais saboroso que os óleos industrializados de soja, canolas, milho girassol  ou o azeite de oliva, o óleo de coco é indiscutivelmente mais saudável. Porém estas pessoas se esquecem o desconhecem todo o processo de produção até chegar no delicioso , famoso e saudável óleo.

Oi? Como se faz o óleo de babaçu? em outro momento escrevo sobre...


Fotos: Deroní Mendes e André Alves

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