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Fotos/Montagem: Deroní Mendes: Alguns frutos nativos que disputávamos com animais, aves e insetos coletar e comer |
coisa eu sabia e ainda me lembro muito bem. No inicio do período chuvoso todas as plantas, de gramíneas a arvores de grande porte. Todas elas renovavam suas folhas e maior parte das árvores floresciam e frutificavam para a alegria dos animais, insetos, aves e nós crianças. Tínhamos uma infinidade de frutos para coletar e comer.
Havia frutos de todos os gostos e tamanho e eles estavam no campo, no cerrado ou na mata. Bastava um olhar atento e pronto:
marmelada grande, mamelada lisa e "espinhenta", grão de galo, ingá, bacupri, olho de boi (pitomba), jambo, guavira (guaviroba) cabrito, mote, pequi, maracujazinho do campo, canjiquinha (murici), algodãozinho, fruta de veado, orvalho (cagaita), maracujazinho do mato, ananás e outras que não me lembro o nome no momento.
marmelada grande, mamelada lisa e "espinhenta", grão de galo, ingá, bacupri, olho de boi (pitomba), jambo, guavira (guaviroba) cabrito, mote, pequi, maracujazinho do campo, canjiquinha (murici), algodãozinho, fruta de veado, orvalho (cagaita), maracujazinho do mato, ananás e outras que não me lembro o nome no momento.
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Fotos/Montagem: Deroní Mendes: Baru, Bocaiuva e Babaçu. . Eu quebrando coco de babaçu. |
Mas, independente da época do ano em que amadureciam, todos ali, saudáveis, livres de agrotóxicos e a nossa disposição. Alguns a poucos palmos acima das nossas cabeças. Outros já no chão e alguns em meio a espinheiros ou moitas de distância.
Algumas como o piqui, precisávamos disputar com aves, bichos e insetos ao mesmo tempo. Aves como araras, periquitos, tucanos e papagaios comiam os frutos no pés ainda verde. Tatus, cutias, pacas e insetos como as formigas comiam e/ ou carregavam os frutos maduros que caiam durante a madrugada. Mas, esta era a lei natural da natureza. Em proporções diferentes, a cada estação todos (animais, aves insetos e humanos) conseguíamos nossa fatia de pequi.
A regra para saber se estes frutos eram comestíveis ou não, aprendemos muito cedo com seu germano e dona Benedita, em caso de não conhecer um fruto, antes sair catando do chão e comendo precisávamos olhar atentamente se havia vestígio de que animais , aves ou insetos se alimentavam daquele fruto. Em caso negativo, a regra era clara. "Não coma é veneno". Afinal de contas ninguém sabe mais sobre a toxicidade ou não de uma planta quanto os animais, aves e insetos.
Além de observar os animais, insetos e aves se alimentam de fruto, meu pai um dia disse que "essas frutas lisinhas bem redondinha ou cumpridinha, sem caruncho ou bróquia, ainda mais quando tem cor muito viva, vermelha, amarela e aquelas bem roxas quase todas elas são veneno. Pode olhar se algum bichinho come? Pode olhar se as formigas tão carregando ou se tem mosca ou outro inseto por perto/ pode acertar que não"
Santa sabedoria. Devo dizer que sempre levamos isso muito a sério e não me lembro de nenhum relado de que algum irmão ou primo se intoxicou com algum fruto. E isso é as vezes até engraçado, pois as novas gerações de sobrinhos e colegas da cidade não acreditam que seja tão simples assim.
Confesso que quando me recordo esse ensinamentos sinto que deveria ter me atendado bem mais aos ensinamentos dos meus pais sobre a vida, as natureza, o tempo e comportamento dos bichos. É um saber valioso que nenhuma escola ou curso universitário, ou pós-graduação substitui. É uma questão de vivencia, experiencia de vida, de observar e aprender com os diferentes formas de vida ao nosso redor. Uma verdadeira visão holística do mundo não tenho dúvidas.
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