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Confesso que, durante algum tempo questionei e até culpei meus pais por terem "abandonado" o cultivo das roças. Porém, o tempo, o estudo, os intercambio e vida se encarregou de mostra que eu estava equivocada. As comunidades tradicionais , ao contrário daquilo que muito pregavam, não abandonaram o cultivo da terra porque simplesmente não queriam mais plantar ou orque estavam cansados.
Em um post anterior, falei sobre o impacto das sementes híbridas na agricultura familiar, porém, agora quero colocar outro elemento desestruturante, que é pouco levado em consideração pelos estudos, o fator cultural, as crenças que envolve o processo de plantio, e colheita nessas comunidades.
É preciso levar em conta que muitas comunidades, pediam permissão ao rei/senhor ou espírito das florestas antes de "abrir uma roça". Elas também, faziam novenas, orações e rezas para que o plantio e colheita fossem bem sucedido. Realizavam benzeções quando uma lavoura era atacada por algum tipo de praga. Muitas comunidades faziam a "contagem de São salomão e Santa Luzia. Então, é preciso considerar que, abandonar essas práticas também significa a desvalorização de tudo que acreditavam e faziam. e isso deixa marcas. Marcas de dor. De desrespeito e humilhação..
É preciso reconhecer que, a transição da agricultura por paixão,crença e obervação para a agricultura agricultura com dinheiro e racionalidade não foi pacifica. Houve sim um grande assédio moral sobre os agricultores para que adquirissem sementes hibridas, maquinas, e adotassem novas técnicas. Tudo isso com a promessa de se obter maior produção em menos tempo. Lembro-me que um agricultor de uma comunidade tradicional me disse durante uma entrevista para minha monografia.
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Foto: Deroní Mendes - Depoimento do "seu" Beto da Comunidade Nossa Senhora da Guia, em Cáceres -MT |
Retomei o assunto com meu pai outro dia e ele relatou algo semelhante, finalizou dizendo que "o erro maior foi porque nóis não imaginava que tinha que comprar semente todo ano...que com as sementes nova, se não comprasse todo ano , a roça não ia prá frente nem com reza brava...ainda bem que nois demoremos pra mudar e logo vocêis todos foram prá cidade estudar e começaram trabalhar e se virar sozinho, se não, não sei se nóis ainda tava no sitio até hoje não." disse em tom descontraindo, mas com um visível sorriso triste.
Foto 1: disponível em: http://sossegodaflora.blogspot.com.br/2015/08/semiarido-600-bancos-de-sementes.html
Foto 1: disponível em: http://sossegodaflora.blogspot.com.br/2015/08/semiarido-600-bancos-de-sementes.html
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